Palestra do Conselho esclarece diretrizes da Norma de Desempenho

Bruna Canela: o futuro dos empreendimentos diferenciados depende da aplicação da Norma

Apesar de estar em vigor desde 2013, a Norma de Desempenho ainda não teve suas diretrizes incorporadas à rotina de trabalho nos ramos da construção civil. A palestra “Norma de Desempenho: o projeto em foco”, realizada na última quarta-feira (29/07) pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo em Pernambuco (CAU/PE), conseguiu familiarizar profissionais e debater especificidades da norma, abrindo caminho para a realização de curso mais aprofundado para disseminar conteúdos sobre o tema.

O encontro foi conduzido pela consultora em normas técnicas e arquiteta Bruna Canela, que desmistificou conceitos, explicou a aplicabilidade da legislação e tirou dúvidas do público presente. Segundo ela, diferente das normas prescritivas – que dão o passo a passo de como um projeto deve ser feito – a Norma de Desempenho indica metas a serem atingidas sem levar os métodos em consideração. “Na prática, isso significa dizer, por exemplo, que o profissional não precisa usar um tipo ou uma marca específica de janela para um cômodo; ele poderá usar qualquer solução, desde que ela permita o tipo de ventilação indicado pela norma”, falou Bruna. “A abordagem de desempenho é pensar em termos de fins, não de meios”, resume.

De acordo com a consultora, a medida é benéfica para estabelecer um padrão de qualidade entre empreendimentos habitacionais, com indicações para quesitos como saídas de emergência, formas de abertura de portas, posição e tamanho de esquadrias de janelas, iluminação, acústica, espaços de circulação e soluções de acessibilidade. Mas, para que isso aconteça, ela explicou que é necessária a atuação dos arquitetos e urbanistas tanto para fazer indicações corretamente em seus projetos quanto para cobrar a divulgação adequada das referências por parte dos fabricantes.

“É aí que entra a nossa responsabilidade enquanto profissional. Alguns fabricantes ignoram essas especificações que devem vir obrigatoriamente em seus produtos, mas nós temos que cobrar e fazer a norma valer. O futuro dos empreendimentos diferenciados depende disso”, argumentou Bruna, enfatizando que seguir a Norma de Desempenho significa dar mais vazão à produção criativa dos projetistas e demonstra compromisso com o cliente leigo, visando sua satisfação e segurança.

Na ocasião, o conselheiro Luiz Rangel comentou que o próximo passo será a formatação de um curso, em parceria com a Senco Consultoria e a Tecomat Engenharia, para aprofundar o conhecimento de arquitetos e urbanistas nessa área.”É um tema que ainda gera dúvidas e deixa lacunas, e os profissionais precisam saber como isso afeta a produção de projetos e quais as responsabilidades que eles têm diante disso”, afirma ele.