Conselheiro Luiz Vieira defende reconstituição de projeto de Burle Marx

Espaço recebeu palmeiras e grades durante reforma, na década 1970. Foto: Narciso Lins/ Prefeitura do Recife

Nem todos sabem, mas a praça Artur Oscar, mais conhecida como Praça do Arsenal da Marinha, foi inicialmente construída de acordo com um projeto do paisagista brasileiro Roberto Burle Marx, em 1935. Na década de 1970, contudo, a prefeitura do Recife reformou o lugar, descaracterizando-o. Ao analisar documentos da época da concepção, o paisagista e conselheiro do CAU/PE Luiz Vieira, percebeu que era perfeitamente viável a reconstituição da praça de acordo com os moldes originais, intervenção que, de acordo com ele, valorizaria o Bairro do Recife.

“Da forma como foi projetada e inicialmente construída, a Artur Oscar era um espaço público urbano com predominância de piso, resultando em um uso dinâmico tanto no cotidiano como nas festividades. Um projeto modernista e totalmente integrado com a paisagem urbana”, conta Vieira. Ele explica ainda que a praça, como foi pensada por Burle Marx, pode ser comparada com o Marco Zero, o Pátio de São Pedro ou o Pátio do Carmo, sendo um espaço público livre.

Para o conselheiro – que é apoiado pelo Laboratório de Paisagem da UFPE, através da professora Ana Rita Sá Carneiro -, a mudança proposta tem como ponto positivo o baixo custo e o fato de fazer da praça um lugar mais receptivo ao público. “O Bairro do Recife necessita de um espaço urbano, um largo, para usos diversos junto à Torre Malakof, que já é palco de diversas festividades e eventos populares”, pontua.

De acordo com ele, a reconstrução do projeto original de Burle Marx é perfeitamente viável pela farta documentação existente, tanto iconográfica como dos desenhos técnicos. “No que diz respeito à vegetação, por exemplo, as palmeiras imperiais, que vieram com a reforma da década de 1970, seriam preservadas e adaptadas ao projeto de reconstituição, como testemunho do processo da evolução urbana no local”, conclui.